Pelo que
pudemos ver até aqui, o processo saúde-doença se configura como um processo
dinâmico, complexo e multidimensional por englobar dimensões biológicas,
psicológicas, socioculturais, econômicas,ambientais, políticas, enfim, pode-se
identificar uma complexa interrelação quando se trata de saúde e doença de uma pessoa, de um grupo social
ou de sociedades. A abordagem de Castellanos (1990) se coloca como um esforço
de operacionalização, do ponto de vista analítico, do processo saúde-doença,
tendo em vista os diferentes níveis de organização da vida.
O
processo saúde-doença é um conceito central da proposta de epidemiologia social,
que procura caracterizar a saúde e a doença como componentes integrados de modo
dinâmico nas condições concretas de vida das pessoas e dos diversos grupos
sociais; cada situação de saúde específica, individual ou coletiva, é o
resultado, em dado momento, de um conjunto de determinantes históricos,
sociais, econômicos, culturais e biológicos. A ênfase, nesse caso, está no
estudo da estrutura socioeconômica, a fim de explicar o processo saúde-doença
de maneira histórica, mais abrangente, tornando a epidemiologia um dos
instrumentos de transformação social (Rouquayrol, 1993).
Nessa
trajetória, o conceito de saúde vem sofrendo mudanças, por ter sido definido
como “estado de ausência de doenças”; foi redefinido em 1948, pela Organização Mundial
da Saúde (OMS), como “estado de completo bem-estar físico, mental e social”,
passando de uma visão mecânica da saúde para uma visão abrangente e não estática
do processo saúde-doença. A definição de saúde presente na Lei Orgânica de
Saúde (LOS), n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, procura ir além da
apresentada pela OMS, ao se mostrar mais ampla, pela explicitação dos fatores
determinantes e condicionantes do processo saúde-doença. Esta lei regulamenta o
Sistema Único de Saúde, e é complementada pela Lei n. 8142, de dezembro de
1990. O que consta na LOS é que
- A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer, o acesso a bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do país (Brasil, 1990, Art. 3).
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